segunda-feira, 7 de maio de 2012

Razões para banir o conceito de raça da medicina brasileira


Sérgio D. J. Pena
Professor do Departamento de Bioquímica e
Imunologia, Instituto de Ciências Biológicas
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)


O conceito de ‘raça’ faz parte do arcabouço canônico da medicina, associado à idéia de que cor e/ou  ancestralidade biológica são relevantes como indicadores de predisposição a doenças ou de resposta a fármacos. Essa posição decorre de uma visão tipológica de raças humanas. O baixo grau de variabilidade genética e de estruturação da espécie humana é incompatível com a existência de raças como entidades biológicas e indica que considerações de cor e/ou ancestralidade geográfica pouco ou nada contribuem para a prática médica, especialmente no cuidado do paciente individual. Mesmo doenças ditas ‘raciais’, como a anemia falciforme, decorrem de estratégias evolucionárias de populações expostas a agentes infecciosos específicos. Para Paul Gilroy, o conceito social de raça é ‘tóxico’, contamina a sociedade como um todo e tem  sido usado para oprimir e fomentar injustiças, mesmo dentro do contexto médico.

PALAVRAS-CHAVE: raça; racismo; afrodescendente; genética; DNA; medicina.

História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 12, n. 1, p. 321-46, maio-ago. 2005.

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do site Scielo

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