Renato Grandelle
RIO - Nove mulheres na Suécia conseguiram receber transplantes de úteros doados por parentes vivas e em breve tentarão engravidar. As pacientes, a maioria na faixa dos 30 anos, nasceram sem o órgão ou tiveram de retirá-lo devido a um câncer cervical. As cirurgias foram realizadas a partir de setembro de 2012, mas o experimento só foi divulgado esta semana.
As tentativas anteriores de realização de transplantes de útero foram mal sucedidas. A última delas foi em 2011, na Turquia. Uma jovem de 22 anos recebeu o órgão do cadáver de uma mulher com quem não tinha parentesco. A gestação foi interrompida duas semanas depois.
Para a Universidade de Gotemburgo, responsável pelos novos transplantes, a escolha de doadoras que são parentes das transplantadas pode diminuir a resistência do organismo das pacientes ao útero.
“Este é um novo tipo de cirurgia”, anunciou, em comunicado, Mats Brannstrom, chefe do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da universidade. “Não temos um livro que nos sirva como guia”.
Segundo Braanstrom, as nove pacientes passam bem. Alguns menstruaram seis semanas depois dos transplantes, um sinal de que os úteros estão saudáveis e funcionando. Uma mulher teve uma infecção e outras apresentaram pequenos episódios de rejeição, mas nenhuma das doadoras ou beneficiadas precisou de acompanhamento médico intensivo após a operação.
As cirurgias não ligaram o útero às trompas de falópio. Desta forma, as mulheres não são capazes de engravidar naturalmente. Mas todas as transplantadas têm seus próprios ovários e conseguem produzir óvulos, que serão removidos para que ocorra, com a fertilização in vitro, a criação de embriões. Depois, os médicos vão transferir os embriões para o útero, permitindo a gestação. A equipe de Gotemburgo acredita que o transplante permitirá, no máximo, duas gestações. Depois, os úteros devem ser retirados, para que não haja riscos de infecção.
Experimento tem apelo popular
O método adotado pelos pesquisadores suecos é polêmico. Presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro (Scorj), Marcelo Burlá preocupa-se com os efeitos do transplante na saúde da paciente e com a possibilidade de que a placenta não leve a quantidade necessária de alimentos para o feto.
— O organismo de uma gestante adapta-se naturalmente para que o útero receba um maior fluxo sanguíneo. Não sabemos se isso ocorrerá em uma participante do experimento — alerta. — A paciente estará sujeita a uma grande quantidade de medicamentos, inibindo o sistema imunológico. Ela pode desenvolver doenças como a hipertensão, que afeta a nutrição do bebê.
Transplantes de órgãos como coração, fígado e rim são realizados há décadas e a medicina está investindo cada vez nos transplantes de mãos, rosto e outras partes do corpo que possam melhorar a qualidade de vida dos pacientes. No útero, porém, os estudos são incipientes.
— O transplante de útero não é uma situação vital. É possível viver sem o útero, mas não sem o coração ou os rins — destaca Burlá. — A paciente que se submete a um transplante de útero precisará de uma medicação tão intensa quanto o transplantado do coração.
Ainda assim, o estudo sueco pode ter apelo popular. Cerca de uma em cada 4.500 mulheres nasce com uma síndrome conhecida como MRKH, que faz com que não tenha útero. Diretor de Concepção Assistida do Hospital St. Thomas, em Londres, Yacoub Khalaf aguarda os resultados dos novos transplantes.
— Falta saber se o que temos pela frente é uma opção viável para quem não pode engravidar ou se estamos falando de um experimento limitado — diz.
As tentativas anteriores de realização de transplantes de útero foram mal sucedidas. A última delas foi em 2011, na Turquia. Uma jovem de 22 anos recebeu o órgão do cadáver de uma mulher com quem não tinha parentesco. A gestação foi interrompida duas semanas depois.
Para a Universidade de Gotemburgo, responsável pelos novos transplantes, a escolha de doadoras que são parentes das transplantadas pode diminuir a resistência do organismo das pacientes ao útero.
“Este é um novo tipo de cirurgia”, anunciou, em comunicado, Mats Brannstrom, chefe do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da universidade. “Não temos um livro que nos sirva como guia”.
Segundo Braanstrom, as nove pacientes passam bem. Alguns menstruaram seis semanas depois dos transplantes, um sinal de que os úteros estão saudáveis e funcionando. Uma mulher teve uma infecção e outras apresentaram pequenos episódios de rejeição, mas nenhuma das doadoras ou beneficiadas precisou de acompanhamento médico intensivo após a operação.
As cirurgias não ligaram o útero às trompas de falópio. Desta forma, as mulheres não são capazes de engravidar naturalmente. Mas todas as transplantadas têm seus próprios ovários e conseguem produzir óvulos, que serão removidos para que ocorra, com a fertilização in vitro, a criação de embriões. Depois, os médicos vão transferir os embriões para o útero, permitindo a gestação. A equipe de Gotemburgo acredita que o transplante permitirá, no máximo, duas gestações. Depois, os úteros devem ser retirados, para que não haja riscos de infecção.
Experimento tem apelo popular
O método adotado pelos pesquisadores suecos é polêmico. Presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro (Scorj), Marcelo Burlá preocupa-se com os efeitos do transplante na saúde da paciente e com a possibilidade de que a placenta não leve a quantidade necessária de alimentos para o feto.
— O organismo de uma gestante adapta-se naturalmente para que o útero receba um maior fluxo sanguíneo. Não sabemos se isso ocorrerá em uma participante do experimento — alerta. — A paciente estará sujeita a uma grande quantidade de medicamentos, inibindo o sistema imunológico. Ela pode desenvolver doenças como a hipertensão, que afeta a nutrição do bebê.
Transplantes de órgãos como coração, fígado e rim são realizados há décadas e a medicina está investindo cada vez nos transplantes de mãos, rosto e outras partes do corpo que possam melhorar a qualidade de vida dos pacientes. No útero, porém, os estudos são incipientes.
— O transplante de útero não é uma situação vital. É possível viver sem o útero, mas não sem o coração ou os rins — destaca Burlá. — A paciente que se submete a um transplante de útero precisará de uma medicação tão intensa quanto o transplantado do coração.
Ainda assim, o estudo sueco pode ter apelo popular. Cerca de uma em cada 4.500 mulheres nasce com uma síndrome conhecida como MRKH, que faz com que não tenha útero. Diretor de Concepção Assistida do Hospital St. Thomas, em Londres, Yacoub Khalaf aguarda os resultados dos novos transplantes.
— Falta saber se o que temos pela frente é uma opção viável para quem não pode engravidar ou se estamos falando de um experimento limitado — diz.
do site o globo
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